Edição Vol.1 No. 24 (2021)

OLHARES SOBRE O USO DA MÚSICA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM: INTERFACES ENTRE GRAMÁTICA E CULTURA ESCOLAR

Resumo

Em nossa sociedade atual ainda existe uma cultura implícita de que o texto literário facilita a leitura no processo de aprendizagem escolar; de forma que todo texto utilizado em sala de aula passa anteriormente por um processo de seleção. Assim, para que um texto seja entregue e trabalhado com os alunos, algumas prerrogativas devem ser preenchidas, tais como: o conteúdo do texto em si, a temática abordada, a intenção do docente ao apresentar o texto, a integração do texto com o aluno, entre outras. Dessa maneira, a decisão do docente na determinação do que usar ou não como material didático exige muita habilidade e dedicação. O interesse pelo tema surgiu da necessidade de compreender a cultura escolar, uma vez que as informações chegam hoje à de aula sem muito esforço pelos meios tecnológicos, fazendo com que a leitura, como compreensão crítica da realidade, fique muitas vezes renegada a segundo plano, tornando-se, cada vez mais, um desafio para despertar a compreensão, a assimilação e a construção de conhecimentos. O presente artigo tem como objetivo analisar os modos de trabalho com o texto literário na escola secundária brasileira, em especial, no ensino de jovens. O primeiro passo para o professor escolher o material a ser utilizado é conhecer seus alunos, ou seja, ele procura conhecer o capital cultural incorporado no habitus (Bourdieu,1999) dos alunos. Para tanto, o docente pesquisa os gostos e preferências musicais deles e escolhe uma canção que seja ao mesmo tempo conhecida e significativa dentro do conteúdo a ser ministrado. Cumprindo esses parâmetros, é possível encontrar textos que levem os alunos a pensar, refletir e expressar suas opiniões de maneira mais natural e até mesmo lúdica. De tal modo, sabe-se que o conhecimento é construído, usando um texto que já é parte integrante do capital cultural incorporado como moeda de troca de conhecimento espontâneo. Por outro lado, busca-se também uma extensão desse capital cultural por meio da objetificação da música. Isso ocorre quando o professor decide usar um texto que é objeto de interpretação dos alunos e que, no entanto, não faz parte de seu capital cultural incorporado. A ideia de trabalhar com esse tipo de texto é a expansão do capital cultural, baseada na construção simbólica do conhecimento pelos alunos. Dessa forma, busca-se minimizar os efeitos dessa violência simbólica. A ideia de trabalhar com esse tipo de texto é a expansão do capital cultural, baseada na construção simbólica do conhecimento pelos alunos. Dessa forma, busca-se minimizar os efeitos dessa violência simbólica.